Na impossibilidade de cura, Unidade de Emergência do HCRP muda cultura médica

Na impossibilidade de cura, Unidade de Emergência do HCRP muda cultura médica

Com um cuidado diferenciado, a equipe de cuidados paliativos do Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto oferece conforto a pacientes e familiares em estado grave

Transformar a realidade das pessoas proporcionando a garantia de vida melhor. É esse o trabalho que a Unidade de Emergência (UE) do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto desenvolve há pouco mais de um ano, com atendimento humanizado aos pacientes.

O impacto da notícia que uma pessoa da família está doente gera sofrimento. Desta forma, o coordenador da equipe, geriatra e especialista em cuidados paliativos, André Filipe Junqueira dos Santos, relata que o objetivo da equipe de cuidados paliativos é garantir qualidade de vida, minimizando o sofrimento dos pacientes em estado grave, que não poderão mais se recuperar totalmente.  “A proposta vai de encontro com a doença, pois as famílias não querem que seus parentes sofram. Por isso, este serviço age no conforto,” relata.

Além de assistência religiosa, o serviço desenvolvido é feito por profissionais da área de saúde, como médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e farmacêuticos.

O médico afirma que esses profissionais ajudam a completar o tratamento, pois visam à qualidade de vida.

Atuação 

Com uma média de 40 pacientes por mês, a maioria portadores de doenças neurológicas e neoplasias, seguidas pelos casos de traumas crânio-encefálicos, paradas cardiorrespiratórias e câncer, a equipe do HCRP já atendeu 325 enfermos, sendo que grande parte deles são idosos.

A equipe do HCRP está disponível para atender a qualquer solicitação na UE durante todos os dias da semana, além de executar buscas de casos novos nas enfermarias da emergência. Como trabalha em conjunto com as equipes de saúde, assim que o paciente começa a não responder ao tratamento curativo, os profissionais dos Cuidados Paliativos são chamados para priorizar condutas de alívio de sintomas, conforto e dignidade ao paciente.

O coordenador da equipe frisa que a medicina tradicional liga a doença, e não com as pessoas doenças. Isso é o que diferencia o trabalho da equipe de cuidados paliativos.  “Visão ampla da pessoa doente, oferecendo um cuidado melhor com conforto, controle de sintomas e preservação da dignidade,” diz.

Medicina

A atuação da equipe na Unidade de Emergência é considerada pioneira no Brasil e até no mundo.

Segundo o professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Antonio Pazin Filho, a emergência não é reconhecida como especialidade médica em vários países. E, na experiência do HCRP, o projeto implantado na Unidade de Emergência tem se traduzido como apoio importante às equipes de saúde que contam agora com ajuda nas decisões mais difíceis, com as propostas alternativas para diminuir o sofrimento.

“As novas tecnologias que prolongam a vida do paciente criaram a falsa ilusão de que o médico deve sempre curar o paciente e todos os profissionais de saúde se apegaram a isso e se esqueceram do ‘cuidar’ no sentido mais amplo”, destaca o professor.

Pazin garante que hoje estão diante do resgate do 'cuidar' em medicina e os exemplos desse resgate são as iniciativas de práticas de qualidade hospitalar e, no presente caso, os cuidados paliativos.

Revide On-line
Laura Scarpelini
Fotos: Divulgação

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