
Hemocentro de Ribeirão Preto inaugura nova etapa do Centro de Terapia Celular
Com investimento em pesquisas avançadas e produção de células CAR-T, o CTC-USP se consolida como referência nacional e internacional em terapia celular
O Hemocentro de Ribeirão Preto inaugura, na próxima segunda-feira, 14 de abril, uma nova etapa do Centro de Terapia Celular (CTC) da USP, agora como integrante dos Centros de Pesquisa e Inovação Especiais (Cepix). A cerimônia será realizada às 9h e contará com a presença do reitor da USP, Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Jr., do diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Prof. Dr. Jorge Elias Jr., além de autoridades.
Pioneiro na América Latina, o centro foi o primeiro a produzir com sucesso as células CAR-T com tecnologia 100% nacional. Esse avanço permitiu o tratamento compassivo de 20 pacientes com leucemia linfoide aguda de células B (LLA) e linfoma não-Hodgkin de células B refratários, com respostas superiores às terapias convencionais.
Com 25 anos de atuação, o CTC-USP desenvolve pesquisas e tratamentos voltados à saúde pública, com impacto nacional e internacional. A nova fase como Cepix visa assegurar a continuidade das atividades iniciadas pelos CEPIDs (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão), financiados pela FAPESP.
II Colóquio Nutera discute avanços no combate ao câncer
O mesmo dia marca também a realização do II Colóquio do Núcleo de Terapia Avançada (Nutera) – Terapia Celular: realidade no combate ao câncer e perspectivas no tratamento das doenças imunes, no Anfiteatro Vermelho do Hemocentro RP. O evento contará com a participação de renomados pesquisadores que apresentarão estudos e abordagens inovadoras na área.
A abertura será feita pelo diretor-presidente executivo da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, Prof. Dr. Rodrigo Calado, pelo diretor do Instituto Butantan, Prof. Dr. Esper Kallás, e pelo diretor-presidente da Fundação Pró-Sangue Hemocentro de São Paulo, Prof. Dr. Vanderson Rocha. O Nutera integra o maior e mais avançado programa de tratamento contra o câncer da América Latina.
A "fábrica de células" instalada no Hemocentro é responsável pela produção em larga escala da terapia celular CAR-T, utilizada no Estudo Clínico CARTHEDRALL, financiado pelo Ministério da Saúde por meio do Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (PROCIS). A iniciativa, conduzida pelo Hemocentro e pelo Instituto Butantan, com apoio da USP, FAPESP e CNPq, vai beneficiar 81 pacientes em cinco hospitais do Estado de São Paulo.
A terapia utiliza células de defesa do próprio paciente para combater o câncer no sangue, com benefícios como a redução de sessões de quimioterapia e maiores taxas de remissão.
Novas fronteiras em terapia celular
Além da produção das células CAR-T anti-CD19, voltadas ao tratamento de leucemia e linfoma, o Nutera também foca no desenvolvimento de novas terapias celulares para doenças autoimunes e outras formas de câncer.
Em outubro de 2024, o CNPq aprovou mais de R$ 7 milhões para a realização de um estudo clínico com células CAR-T para pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. O projeto foi o mais bem avaliado na chamada "Genômica e Saúde Pública de Precisão", promovida pelo CNPq, Genomas Brasil, Ministério da Saúde e Governo Federal, e deve ter início nos próximos anos.
O Hemocentro também vai receber quase R$ 50 milhões para o desenvolvimento da terapia com células CAR-NK, por meio do edital "Mais Inovação Brasil", apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Finep e FNDCT. A nova abordagem visa atender pacientes oncológicos que não têm células T saudáveis ou que precisam de tratamento imediato, sem aguardar a produção personalizada das células CAR-T.