Justiça Socioambiental

Justiça Socioambiental

Leny A. Pimenta

“Há de ser leve...Um levar suave Nada que entrave...Nossa vida breve Tudo que me atreve...” Lenine (2018)

 

Gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre o encontro "Justiça Socioambiental, Diversidade Linguística e Educação” USP-Academy ocorrido nos dias 24 e 25 de março de 2025 no LAIFE. No contexto contemporâneo de uma sociedade marcadamente narcísica e capitalista, que frequentemente se mostra desumanizada, abordar temas como justiça socioambiental e diversidade linguística implica discutir as possibilidades de uma intervenção urgente na educação. É amplamente reconhecido que a educação é um meio fundamental para a transformação social. Nesse sentido, há uma necessidade premente de reestruturação dos currículos escolares e de novas abordagens nas disciplinas, com o intuito de formar uma sociedade mais equitativa e justa. Isso inclui repensar o modelo das escolas “gradeadas”, modificar estruturalmente os materiais e livros didáticos, e desenvolver um programa de formação contínua para professores. As estruturas de conhecimentos científicos se assentam na invisibilidade de outros saberes de diferentes formas, como os conhecimentos populares e tradicionais. É necessário abrir espaços na educação que contemplem adequadamente o multiculturalismo, no encontro de um ecossistema de saberes, isto é, do reconhecimento dos diferentes saberes não convencionados e da necessidade de “olhar” para as afinidades, as divergências, as complementaridades e as contradições que existem entre eles. Como bem pontuou o Dr. Danilo Kato em sua fala, a valoração do conhecimento não científico, não significa desacreditar do caráter da cientificidade, mas sim, considerá-lo para não apagar outros saberes. Trata-se de vivenciar o humanismo, ser afetado pelo acolhimento das diferenças, pela inclusão das minorias, pela compreensão de nossa realidade multifacetada... Sabe-se que a incompletude é parte estruturante do ser humano, portanto, nenhum conhecimento está dado como completo, sempre haverá um ser, um “devir” implicado por meio dos desafios e situações, às vezes, inusitadas que aparecem (globalmente e, até localmente), para confrontarem esses conhecimentos já previamente estabelecidos... Parece-nos que chegamos a um “point de capitoné/ponto de estofo” a humanidade de certa forma está agonizante, d(e)nuncia, clamando por ressignificação de modos de vida/viver, mais ético e estético. Pensa-se que seja necessário inicialmente a elaboração de um pensamento filosófico acerca do que queremos ser e, de quem somos nós hoje, para sermos melhores, transformados pela experiência dos modos de existência mais éticos, amanhã...

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