FENÔMENO DA MAÍTE

FENÔMENO DA MAÍTE

(Prof.: Luiz Cláudio Jubilato)                                                                                                                                                                       

 

            Quando cheguei a São Paulo, deparei-me com um fenômeno que me aguçou a observação: os cursinhos abriam turmas em maio, no entanto as aulas iniciaram em março. Achei estranho, muito estranho.

Fui descobrindo as fases pelas quais passava um vestibulando. Percebi a falta de planejamento, de cultura geral. As questões psicológicas pesam muito mais do que o conhecimento da matéria.

Um aluno me disse: “Eu tenho quase certeza de que não vou passar, há muita gente melhor do que eu”. Ponderei: “O mesmo medo que você tem do seu concorrente, ele tem de você.” Ele insistiu: “Eu acho que neste ano, não vai dar”. Era final de março. Perguntei: “Você estuda em uma das melhores escolas da cidade, faz curso de redação. Por que você faz tudo isso?”. Porque eu quero passar. Fui claro: “Você não acha que sua prática não está batendo com sua teoria?”.

Ele alegou estresse devido ao acúmulo de matéria. Depressão, vê muita gente melhor que ele. Ansiedade, porque o vestibular demora muito a chegar. Fatos: Não dormia, por consequência não assistia à aula e, lógico, não estudava, só reclamava.

O vestibulando de fevereiro, sem panejamento, começa a se autossabotar, pois comete um erro crucial: “viaja” nas aulas e se torna autodidata: “Ninguém aprende sozinho o que nunca aprendeu com a ajuda de um professor”. Resultado: a matéria acumula, até se tornar uma dívida impagável. A única saída é “chutar o pau da barraca”.

Em maio, a bomba estoura. Entra em cena a rotina: ou o aluno assiste à aula, ou pensa na aula, ou vai para a aula, ou volta da aula e até sonha com a aula. O vestibulando de maio é “macaco velho”, já passou pela experiência. Enquanto os inexperientes ou “vagais” alegam cansaço, estresse, depressão, escondem a falta de planejamento, atenção, compromisso, assistir às aulas, influência de “amigos”.

Entra o psicólogo que assumirá a função do salvador da pátria. Entram os pais negligentes, ou complacentes. Tomam o lugar dele: decidem o que eles já decidiram. A expressão comum é “Essa fase é difícil”. Não é não. Há outras muito mais exigentes. Essa é a fase que lhes ensina a lidar com frustrações, medos, superação, corte do cordão umbilical. Vestibular assemelha-se ao nascer: “passar por um corredor apertado pelo qual não há alternativa, não é possível delegar”.

Em maio: Aquele vestibulando escondido dentro do que só pensava em conquistar uma vaga, renasceu feroz. Entra nos cursinhos e cursos de apoio com a gana de recuperar o que perdeu. Esse é o que tem chance de passar? Não há tempo para autossabotagem.

Maíte é o fenômeno que atinge aquele que “tem desculpa para tudo” e não tem culpa de nada: a escola é ruim, o professor é chato, a aula é monótona, a quantidade de aulas é excessiva, então começa a se desinteressar de tudo, menos das “baladas”, “academias”, “shows”.  Alega depressão, ansiedade, depressão, desinteresse, estresse.

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